Tragédia
anunciada! Muitas pessoas indignadas, outras até transtornadas, cada um
revestido das suas razões e na busca incessante de culpados para justificar o
fato de que nem sempre as coisas acontecem de acordo com a nossa vontade.
(sorte nossa).
As pessoas estão
com medo, assustadas, pois desejavam a tal mudança, e essa com certeza não
virá.
Como qualquer
pessoa deste país, logo comecei a pensar sobre a questão. Primeiro minha reação
seguiu a onda dos meus pares, fiquei com medo, aflita e insegura em relação aos
rumos que provavelmente nosso país tomará, mas em seguida encontrei alento em
algumas conclusões.
Nada é novo,
nossos problemas são velhos, sempre os mesmos. Não que o cenário não seja
alarmante, mas se voltarmos um pouco no tempo certamente chegaremos à conclusão
de que tudo está como sempre esteve, com nova roupagem, mas as questões são
sempre as mesmas, o que muda é a forma como encaramos as coisas.
Vejamos, eu
penso que “jamais na história deste país” houve tanta piriguete por metro
quadrado, penso que algumas mulheres levam muito a sério a missão de chocar e
escandalizar com os modelos de comportamento.
Mas estou
começando a ver com outros olhos essa e outras questões. As piriguetes sempre
estiveram por aqui, a única diferença é que eram chamadas de “perdidas”, ou
alguns outros nomes.
A única
diferença é que há tantos anos atrás a existência delas em nada me afetava. Hoje
tenho um filho adolescente e por mim eu exterminaria todas as mulheres da face
da terra, nem precisavam ser “perdidas”.
Essa é a
diferença: hoje, esse fato, afeta diretamente minha vida.
E não é
diferente em tantos outros assuntos, ou vai dizer que é a primeira vez que
falta água?
Não é! E também
não será a última, só que hoje temos consciência deste fenômeno e sabemos
calcular a nossa culpa, o peso dos nossos atos.
E na bendita política
não podia ser diferente. Há algum tempo pouco me importava se a gasolina
custasse um ou mil reais, eu nem carro tinha, não era comigo, eu não me
importava. Influenciava minha vida, mas eu não sabia.
E agora? Tudo
nos importa, é com a gente, é no meu e no seu bolso, por isso que parece maior,
mais grave, e definitivo.
Políticos e
desonestos sempre foram duas palavras da mesma frase, quase que inseparáveis. E
foi sempre assim, e sempre será.
Nossa
consciência e lucidez, trazidas pela idade ou pela experiência, nos castiga a
cada dia nos lembrando que não tem “test drive” na vida real, que não dá para
começar de novo, não dá para pular uma jogada. Não dá!
Agora é pra
valer, e a percepção de que tudo está afundando é mesmo assustadora.
O que mudou?
Nada, ou quase nada. Esse caos é no nosso quintal desde sempre, a única
diferença é que enxergamos isso com clareza neste momento.
Clareza que com
certeza não chegou a todos os cantos do Brasil, pois se assim fosse estaríamos
ao menos esperançosos com uma possibilidade de melhora. Mas...
ANGÉLICA MARQUES
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