sexta-feira, 31 de outubro de 2014
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
# PARTIU
Na era da interação
total entre as pessoas, da digitalização das relações, uma questão importante
deve ser objeto da nossa reflexão.
A morte
geralmente é um fenômeno que mexe comigo em particular, não necessariamente de
alguém que eu estime, mas das pessoas em geral.
Foi o que
ocorreu dia destes. Primeiro, eu vi no Facebook as lamentações em relação à
morte de uma jovem de apenas 35 anos. Em apenas uma postagem que se referia à
partida precoce da menina, havia mais de 150 curtidas, vários comentários, ou
seja, 150 pessoas que “supostamente” lamentavam o ocorrido.
Até aí tudo bem,
a moça era jovem, pela minha superficial análise fora acometida por uma doença
ingrata, e era de se esperar a revolta e tristeza de seus “amigos”.
No mesmo dia fui
ao velório em razão do falecimento de alguém próximo, logo pensei que o lugar
estaria lotado, cheio dos amigos da jovem, aqueles que tanto lamentaram sua
partida nas redes sociais.
Para minha
surpresa, ou nem tanto, o local estava sim cheio, mas cheio de tristeza, e
cheio de ausências.
Havia alguns
familiares desolados e alguns curiosos como eu, ninguém mais.
Centenas de
mensagens foram deixadas em seu perfil, porém nenhuma pessoa teve a coragem de
abraçar aquela mãe.
Centenas de
curtidas, centenas de “vá em paz, amada” “descanse em paz, guerreira”. Mas
nenhuma lágrima de verdade, somente as dos familiares mais próximos.
O Facebook
estava de luto! E a mãe estava sozinha naquela cadeira inóspita.
Aquela cadeira
que um dia acolherá a minha mãe, e a sua, e a de todos nós, aquela cadeira que
será ocupada pelas pessoas que realmente se importam com você.
Não que as
lamentações fossem falsas, ou mentirosas, não é esse o X da questão.
A Questão é que
ninguém vive mais de verdade, ninguém ama de verdade, ninguém sequer sofre de
verdade.
Conte quantos
amigos você tem nas redes sociais. Contou? Agora analise o seguinte: para quem
você pode ligar e contar das suas aflições, das suas lutas? Alguém se importa?
Quantos deles te
ligarão caso você poste que não está bem de saúde?
Quantos deles
respondem o seu bom dia, ou lhe ofertam um?
É isso, mais uma
vez está constatado que estamos vivendo como em um folhetim, e no final do dia
somos todos seres solitários.
Somos notícias
vazias, gostamos de frases bonitinhas, e assim nos resumimos a cada dia.
Não conseguimos
dar valor a quem está perto de verdade, não conseguimos mais manter relações verdadeiras.
Quem se importa
de verdade com você, já parou para pensar nisso? E mais do que isso, você já
parou para dar atenção a essa “meia dúzia” de pessoas que ocuparão aquelas
cadeiras inóspitas?
Quem vai estar
lá quando alguém publicar que você #partiu?
Angélica Marques
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
POST LUTE!
Alcança teus
objetivos, lute como puder do seu jeito, com suas próprias armas.
A partir do
momento que sua luta é legítima ninguém questionará as tuas vitórias.
Angélica Marques
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Dispa-se!
Estamos tão
acostumados a nos vestir de super-heróis que às vezes esquecemos de voltar para
nossas vestimentas originais.
Somos quem somos
de verdade, somos também o que pensam de nós, somos o que acreditamos ser e às vezes
somos aquilo que esperam da gente, e isso é um pouco confuso, tanto para ler,
quanto para administrar no dia a dia.
Como chefes de
uma família não podemos titubear, demonstrar fraquezas ou medos, pois se assim
agirmos estaremos enfraquecendo as pessoas que conduzimos.
Como filhos,
nunca devemos demonstrar sofrimento demais, pois isso arrebataria o coração dos
nossos pais, que sofrem dobrado pelas nossas angústias.
Já como pais,
devemos mostrar naturalidade diante dos percalços dos nossos pequenos, para
incentivá-los a serem fortes e não se deixarem abater por pouco.
Diante da
sociedade devemos parecer felizes e diante dos nossos pares nem tanto, a fim de
que nos proporcionem mais afeto, mais colo.
E assim seguimos
nossas vidas representando papéis, vivendo em várias peles, em vários mundos,
em várias cores.
Acontece que não
somos o que parecemos ser. Não somos o que os outros querem, não somos o que
queremos e menos ainda o que acreditamos ser.
Nós somos a soma
de tudo que vivemos e tudo que nos fizeram, e essa fórmula não está nos livros
de química e nem em qualquer outro manual, essa fórmula é uma fórmula surpresa
que um dia explode à nossa frente.
Sabe aquela
apontada de dedo que alguém te mostrou olhando bem nos teus olhos? E que você
jurou não ter te afetado. Pois é, afetou sim, e quando você menos esperar vai
doer, e vai te incomodar como se tivesse acontecido horas atrás.
Aquela palavra
áspera, a ausência da resposta que você tanto esperava, o abraço menos apertado
que te deram, quando você esperava muito mais.
Tudo o que
passamos se não foi bem resolvido vai voltar, e voltar de forma cruel,
castigando pela demora, como se fosse um acréscimo de juros pelo tempo de
espera.
Já vi homens
fortes chorarem por tão pouco, coisas tão pequenas, e enfrentarem avalanches
com o peito aberto.
Mulheres fortes
e cheias de atitudes clamarem pelo único beijo que não lhe foi dado, o beijo de
um pai, o abraço de um irmão.
Todas essas
contas nos serão apresentadas, e no momento mais inoportuno possível, bem
quando nossas janelas estiverem abertas, bem quando nossos telhados forem de
vidro.
Não deixe
amanhecer. Não deixe o dia passar, muito menos os anos, menos ainda uma vida
inteira.
O grito que não
sai da tua garganta pode te sufocar. Se não gostou, grite. Reclame proteste.
Se achou pouco o
que lhe deram, peça mais, reivindique seus direitos, seus amores, seus abraços
e até aquele tapa que no fundo você sabe que mereceu.
Não deixe a
mágoa escurecer a sua visão do mundo, a sua visão sobre as pessoas.
É bem mais fácil
perdoar as palavras que foram ditas aos gritos do que as que as abafadas pelo
silêncio.
Deixe
transparecer as tuas feridas, para que alguém possa vir e curá-las.
Não se faça de
forte por muito tempo, isso é muito cansativo e só vai ferir a você mesmo.
Entre em
repouso, respire e se deixe cuidar, se deixe parecer fraco, se deixe perder
algumas coisas, às vezes é preciso perder.
Dispa-se das
suas armaduras e coloque os teus pés no chão, olhe para você mesmo e se
aproxime de quem você é de verdade.
Devemos ser mais
o que somos e menos o que esperam de nós.
Angélica Marques
terça-feira, 14 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
MENINOS SEM PAI
Dia desses me peguei
pensando em uma coisa que me assustou muito, o futuro dos nossos meninos.
Antigamente (meu Deus!)
existia um certo código a respeito do destino dos meninos, eles eram iniciados
na vida profissional, não muito cedo, mas na hora exata.
Na família sempre havia
um profissional disposto a ensinar o oficio aos pequenos, os tios mecânicos
recrutavam para lavar peças, toda a rapaziadinha da família, aos poucos os
meninos começavam a ganhar melhor e logo estavam oficialmente iniciados e
responsáveis, e logo capazes de prover suas próprias necessidades.
E assim acontecia em
várias áreas, sempre alguém que já dominava o ramo, trazia vários dos seus para
um oficio digno.
Bom, dito isto surge a
minha preocupação. Nos dias de hoje raros são os profissionais em quem podemos
confiar, mais raras ainda as pessoas que estão dispostas a transmitir de forma
leal algo que sabem.
Isso somado à má
qualidade da educação que temos em nosso país, é realmente algo muito
preocupante.
Se não há mais pessoas
dispostas e capacitadas a ensinar e o acesso à educação de qualidade é cada vez
mais restrito a quem pode pagar, e pagar muito, que tipo de homens estão sendo
formados?
O que serão nossos
jovens? Quem serão? O que farão e o como vão ganhar a vida, sustentar suas
famílias?
A incapacidade para se
manter e manter uma família não impede que esses jovens constituam famílias, ou
simplesmente tenham filhos. E essas pessoas estão cada vez mais à margem de acessos
básicos como saúde, saneamento, e tantas outras coisas, sem mencionar as
necessidades emocionais, o que tranquilamente daria outro artigo.
Estamos frente a uma
geração sem oportunidades, uma geração que nem se deu conta de que a juventude
não dura pra sempre e que uma hora ou outra, mais cedo ou mais tarde terão que
parar de usar boné de aba larga e vestir-se para o trabalho.
Essa geração wi-fi
ainda não se deu conta que são desapadrinhados, que estão às margens de uma
sociedade que não enxerga.
Mas isso pelo jeito
preocupa somente a mim mesma, pois as novelas e os programas de TV só enfatizam
o contrário, banalizam costumes e princípios familiares como se isso fosse uma
coisa boa.
Estamos frente a um
futuro tenebroso, onde o jovem não tem senso crítico, muitas vezes nem o senso
propriamente dito.
Nascem cada vez mais,
filhos de pais que não tiveram pais, filhos de uma geração que nada aprendeu, e
sendo assim nada podem ensinar.
Filhos do descaso e do
abandono intelectual, sem mencionar as outras tantas faltas que assolam nossos
meninos.
Meninos sem pai,
meninos sem pátria.
Angélica Marques
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