quinta-feira, 26 de março de 2015

AMOR SELETIVO

Sabemos que entrar em uma discussão religiosa é um campo arriscado, cheio de armadilhas e esse caminho eu sempre evitei trilhar.
Tenho minhas próprias convicções e evito julgar as pessoas pelo que elas acreditam.
Mas, como tudo tem um mas, ando intrigada com algumas espécies de amor que ando vendo cá e lá.
Como é possível alguém pregar amor a Deus se não é capaz de amar seu próximo, e quando digo próximo eu quero dizer próximo mesmo, pai e mãe por exemplo.
Conheço pessoas que são fervorosas em suas crenças, auxiliam famílias carentes entre tantas outras posturas de caridade e abnegação. Mas o próximo, próximo mesmo, certas pessoas conseguem abandonar sem a mínima culpa.
Como uma pessoa é capaz de pregar amor a um estranho e deixar um pai idoso em situação calamitosa, sofrendo por coisas tão pequenas que poderiam ser evitadas se o seu filho ou filha estendesse a caridade aos seus próprios familiares.
Como que esse mundo será melhor se algumas pessoas não conseguem transformar a própria família em uma família melhor?
As mesmas pessoas que dizem querer mudar o mundo não conseguem mudar a si próprias, vencendo os seus próprios preconceitos.
Como alguém sobe em um palanque com olhos cheios de lágrimas e ao descer levantam seu queixo e não enxergam os que estão aos seus pés clamando por ajuda.
Impossível que o amor seja algo a ser merecido, pois se assim fosse não seriamos amado por Deus, pois somos imperfeitos e cheios de ingratidão.
Mas mesmo assim Deus nos ama, e a única coisa que ele pede é que façamos o mesmo.
E ELE não pede para que amemos aos merecedores, os bons e os retos, Deus pede para que nosso olhar se estenda aos desfavorecidos, aos desprovidos.
As comunidades religiosas de fecham de tal forma aos comuns que acham que estão blindadas aos males que moram longe de seus altos muros.
Mas não estão. Ninguém está livre desse caos que aos poucos vêm se instalando em todas as partes.
Se as ações de agregação não incluírem um número maior de pessoas nunca teremos uma consciência coletiva da necessidade de fazer o bem.
Embora alguns pensadores preguem que o ser humano nasça com um instinto de ser bom, eu não acredito muito nesta teoria.
Nascemos como um terreno extremamente fértil, e isso é de fato muito bom, mas é só uma premissa para uma evolução positiva.
Necessitamos de bons ensinamentos, necessitamos de ser e de ter exemplos de conduta, ou então este terreno fértil que somos pode germinar coisas ruins.
As comunidades, não só as religiosas, mas no geral, devem ter um espírito acolhedor, evitando marginalizar ainda mais os menos favorecidos.
Essa postura de agregar pode salvar, assim como uma postura reversa pode criar uma geração renegada e cheia de rancores e inclinações para todo tipo de transgressão.
Metade da humanidade não come; e a outra não dorme, com medo da que não come.
Devemos pensar nesta frase de Josué de Camargo com mais atenção, pois reflete o resultado da omissão que estamos plantando dia a dia com nossa omissão. ANGÉLICA MARQUES


sábado, 14 de março de 2015

CERTOS DIAS ERRADOS

Dias ruins também existem, por vezes com uma frequência desconfortável, ou somente para abrilhantar os dias bons.
Mas a verdade é que eles existem e nos provam que nem tudo é festa.
Certas situações nos fogem ao controle e quando nos damos conta estamos no meio de furacões.
Bom, e ai é só curtir o balanço, esperar ele parar de te sacudir, porque por mais que você se debata isso só te cansará. A resistência só irá te levar o fôlego.
Quando uma tempestade chega, não há muito que fazer, na verdade o problema não está na tempestade, e sim a arruaça que ela traz, deslocando nossas certezas e abalando todos os nossos cantos.
Quando passamos por uma adversidade muito intensa tudo muda de cor, todas as nossas certezas se movem para diante de nós com uma cruel questão, elas querem saber se são certezas mesmo.
Essa bagunça não vai embora com a tempestade, ela fica. Ela te obriga a reorganizar sua vida, a rever seus conceitos. Tempestades são curtas na verdade, o que perdura é o estrago.
Bom, mas assim como as tempestades os problemas nas nossas vidas também são inevitáveis, e sendo assim só nos resta lidar com eles da melhor forma possível.
Juntar os cacos, desapegar do que se quebrou e olhar com mais carinho para as coisas que foram fortes o suficiente naquela queda, e começar a faxina.
E essa faxina não pode ser leve não, ela tem que ser pesada, arrastando tudo, revendo tudo, limpando tudo.
Mas existe um lado bom nos temporais, na verdade vários aspectos positivos, o primeiro é o silêncio que fica quando ele se vai.
Esse silêncio serve para você notar que tudo acabou, serve para você se levantar, é um sinal de que você precisa estar de pé.
O clima muda, muda o ar. Muda o cenário.
As tempestades levam coisas, e isso também é um lado bom, abre-se um espaço em nossas vidas para que possamos eleger melhor o que ocupará esse espaço.
A tempestade faz bastante barulho, e depois dela não é qualquer coisa que te assusta, e isso te faz forte, te faz valente. Não te deixa recuar diante qualquer batida de pé.
Se hoje o cenário está cinzento e você não vê muitas chances de melhora, pare de desejar que as coisas se ajeitem.
Comece a querer que tudo se agite. E que venha logo a turbulência, pois quanto mais ela demora para chegar, mais demora para ir embora.
Deseje que as coisas se quebrem, deseje que o vento leve, que a água lave.
Pois só assim você verá renovação em seus dias, só assim você saberá o que é forte suficiente para compor o cenário da sua vida.
Deixe que os cacos sejam varridos pra longe, cacos só irão te ferir, não servem para nada, deixe-os ir.
Não tenha medo de mudar, pois muitas vezes a tragédia está no marasmo, na quietude.
O que fica da tempestade é o silêncio da reflexão e um bom marinheiro.
Seja um bom marinheiro, pois todos caem, mas só os perdedores ficam no chão.

ANGÉLICA MARQUES

terça-feira, 10 de março de 2015

Apoio


APOIO. Não para se escorar, mas sim para se guiar.
As pessoas não precisam de escoras, mas sim de condução, venha ela de onde vier; da religião; por eleição do coração, ou das pessoas que chamamos de amigos.
Se perceber que é o esteio de  alguém vigie seis passos, mas se for uma muleta saia dessa relação, ela será prejudicial para ambos. Angélica Marques