domingo, 7 de junho de 2015

MENTIRA

MENTIRA

“Afirmar aquilo que se sabe ser falso, ou negar o que se sabe ser verdadeiro.”
Essa é a definição da palavra mentira, qualquer um conhece esse significado, todos nós percorremos esse caminho diariamente.

Repugnamos a mentira veemente, mas ignoramos o fato de que usamos desse artificio incontáveis vezes durante nossa vida.

Será mesmo que a mentira é tão repugnante como se prega? Viveríamos como sem nos valer de pequenas mentiras em nosso cotidiano.

Nossa fala é afetada por muitas emoções, carregada das vivências que temos, e também de tudo que já ouvimos.

Para formularmos uma única frase, milhões de experiências nos passam pela cabeça, situações, previsões de como aquela frase que nem mesmo foi dita irá impactar a vida de quem nos ouve.

Da mesma forma que ao ouvirmos alguém imediatamente nos surgem opiniões e pontuações de forma muito rápida a respeito do assunto debatido.

A alta capacidade do nosso cérebro nos permite tudo isso em milésimos de segundo.

Como viveríamos se de nossa boca só brotassem verdades? Como seria esse mundo se todas as pessoas tivessem acesso irrestrito àquilo que pensamos.

Mentimos ao encontrar um bebê gracioso, que mesmo não sendo lindo, ganha logo um elogio.

Precisamos ser gentis, educados, delicados em nossas colocações. E de que forma faríamos isso sem as pequenas mentiras que usamos a toda hora.

Mas é claro que ao abordar o assunto os politicamente corretos logo dirão: Odeio mentira!

Ah sim, será que essa pessoa que odeia mentira jamais as proferiu?

Ninguém gosta realmente é de ouvir coisas desagradáveis, frases duras, que machucam, mais conhecidas como VERDADES.

A verdade, o oposto da mentira é uma arma muito potente, e pode tanto construir quanto destruir vidas.

Hoje chamamos de sincericídio, aquele hábito de sair dizendo tudo que pensa ao outro, eu particularmente acho isso uma extrema crueldade, falta de sensibilidade com o ser humano, e muitas vezes pura deselegância.

Dizer o que pensa a qualquer custo não é ser verdadeiro, mas sim empurrar goela abaixo a sua opinião nas outras pessoas.

Afinal a verdade e a mentira são coisas muito relativas, o que eu acho feio, e encaro como verdade absoluta é quase sempre visto pelo outro de forma diferente.

Não sou a favor da mentira deslavada, sou a favor da adequação do que se diz, e a favor também de que essa adequação obedeça a parâmetros de respeito e consideração com as coisas que outras pessoas acreditam.

Essa adequação sempre envolve mentira, é claro que estamos falando de mentiras leves, adequações oportunas para tornar nossa convivência possível, e não de falácias grandiosas com o intuito de prejudicar a vida de outra pessoa.

O que vale mesmo é a intensão, e se ela for boa, investida de bem e de generosidade é sim muito válida.

Dizem que de boa intensão o inferno está cheio, mas aposto que se não fossem as mentirinhas do dia a dia estaria muito mais.

Mas de toda via se você meu querido leitor achar que o que digo é um absurdo sem tamanho, diga a próxima mamãe que você encontrar na rua com uma criança não agraciada com lindas feições que o filho dela é um monstrinho. E boa sorte!

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quinta-feira, 26 de março de 2015

AMOR SELETIVO

Sabemos que entrar em uma discussão religiosa é um campo arriscado, cheio de armadilhas e esse caminho eu sempre evitei trilhar.
Tenho minhas próprias convicções e evito julgar as pessoas pelo que elas acreditam.
Mas, como tudo tem um mas, ando intrigada com algumas espécies de amor que ando vendo cá e lá.
Como é possível alguém pregar amor a Deus se não é capaz de amar seu próximo, e quando digo próximo eu quero dizer próximo mesmo, pai e mãe por exemplo.
Conheço pessoas que são fervorosas em suas crenças, auxiliam famílias carentes entre tantas outras posturas de caridade e abnegação. Mas o próximo, próximo mesmo, certas pessoas conseguem abandonar sem a mínima culpa.
Como uma pessoa é capaz de pregar amor a um estranho e deixar um pai idoso em situação calamitosa, sofrendo por coisas tão pequenas que poderiam ser evitadas se o seu filho ou filha estendesse a caridade aos seus próprios familiares.
Como que esse mundo será melhor se algumas pessoas não conseguem transformar a própria família em uma família melhor?
As mesmas pessoas que dizem querer mudar o mundo não conseguem mudar a si próprias, vencendo os seus próprios preconceitos.
Como alguém sobe em um palanque com olhos cheios de lágrimas e ao descer levantam seu queixo e não enxergam os que estão aos seus pés clamando por ajuda.
Impossível que o amor seja algo a ser merecido, pois se assim fosse não seriamos amado por Deus, pois somos imperfeitos e cheios de ingratidão.
Mas mesmo assim Deus nos ama, e a única coisa que ele pede é que façamos o mesmo.
E ELE não pede para que amemos aos merecedores, os bons e os retos, Deus pede para que nosso olhar se estenda aos desfavorecidos, aos desprovidos.
As comunidades religiosas de fecham de tal forma aos comuns que acham que estão blindadas aos males que moram longe de seus altos muros.
Mas não estão. Ninguém está livre desse caos que aos poucos vêm se instalando em todas as partes.
Se as ações de agregação não incluírem um número maior de pessoas nunca teremos uma consciência coletiva da necessidade de fazer o bem.
Embora alguns pensadores preguem que o ser humano nasça com um instinto de ser bom, eu não acredito muito nesta teoria.
Nascemos como um terreno extremamente fértil, e isso é de fato muito bom, mas é só uma premissa para uma evolução positiva.
Necessitamos de bons ensinamentos, necessitamos de ser e de ter exemplos de conduta, ou então este terreno fértil que somos pode germinar coisas ruins.
As comunidades, não só as religiosas, mas no geral, devem ter um espírito acolhedor, evitando marginalizar ainda mais os menos favorecidos.
Essa postura de agregar pode salvar, assim como uma postura reversa pode criar uma geração renegada e cheia de rancores e inclinações para todo tipo de transgressão.
Metade da humanidade não come; e a outra não dorme, com medo da que não come.
Devemos pensar nesta frase de Josué de Camargo com mais atenção, pois reflete o resultado da omissão que estamos plantando dia a dia com nossa omissão. ANGÉLICA MARQUES


sábado, 14 de março de 2015

CERTOS DIAS ERRADOS

Dias ruins também existem, por vezes com uma frequência desconfortável, ou somente para abrilhantar os dias bons.
Mas a verdade é que eles existem e nos provam que nem tudo é festa.
Certas situações nos fogem ao controle e quando nos damos conta estamos no meio de furacões.
Bom, e ai é só curtir o balanço, esperar ele parar de te sacudir, porque por mais que você se debata isso só te cansará. A resistência só irá te levar o fôlego.
Quando uma tempestade chega, não há muito que fazer, na verdade o problema não está na tempestade, e sim a arruaça que ela traz, deslocando nossas certezas e abalando todos os nossos cantos.
Quando passamos por uma adversidade muito intensa tudo muda de cor, todas as nossas certezas se movem para diante de nós com uma cruel questão, elas querem saber se são certezas mesmo.
Essa bagunça não vai embora com a tempestade, ela fica. Ela te obriga a reorganizar sua vida, a rever seus conceitos. Tempestades são curtas na verdade, o que perdura é o estrago.
Bom, mas assim como as tempestades os problemas nas nossas vidas também são inevitáveis, e sendo assim só nos resta lidar com eles da melhor forma possível.
Juntar os cacos, desapegar do que se quebrou e olhar com mais carinho para as coisas que foram fortes o suficiente naquela queda, e começar a faxina.
E essa faxina não pode ser leve não, ela tem que ser pesada, arrastando tudo, revendo tudo, limpando tudo.
Mas existe um lado bom nos temporais, na verdade vários aspectos positivos, o primeiro é o silêncio que fica quando ele se vai.
Esse silêncio serve para você notar que tudo acabou, serve para você se levantar, é um sinal de que você precisa estar de pé.
O clima muda, muda o ar. Muda o cenário.
As tempestades levam coisas, e isso também é um lado bom, abre-se um espaço em nossas vidas para que possamos eleger melhor o que ocupará esse espaço.
A tempestade faz bastante barulho, e depois dela não é qualquer coisa que te assusta, e isso te faz forte, te faz valente. Não te deixa recuar diante qualquer batida de pé.
Se hoje o cenário está cinzento e você não vê muitas chances de melhora, pare de desejar que as coisas se ajeitem.
Comece a querer que tudo se agite. E que venha logo a turbulência, pois quanto mais ela demora para chegar, mais demora para ir embora.
Deseje que as coisas se quebrem, deseje que o vento leve, que a água lave.
Pois só assim você verá renovação em seus dias, só assim você saberá o que é forte suficiente para compor o cenário da sua vida.
Deixe que os cacos sejam varridos pra longe, cacos só irão te ferir, não servem para nada, deixe-os ir.
Não tenha medo de mudar, pois muitas vezes a tragédia está no marasmo, na quietude.
O que fica da tempestade é o silêncio da reflexão e um bom marinheiro.
Seja um bom marinheiro, pois todos caem, mas só os perdedores ficam no chão.

ANGÉLICA MARQUES

terça-feira, 10 de março de 2015

Apoio


APOIO. Não para se escorar, mas sim para se guiar.
As pessoas não precisam de escoras, mas sim de condução, venha ela de onde vier; da religião; por eleição do coração, ou das pessoas que chamamos de amigos.
Se perceber que é o esteio de  alguém vigie seis passos, mas se for uma muleta saia dessa relação, ela será prejudicial para ambos. Angélica Marques

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PERDÃO

Perdoem a sinceridade, mas o tal do perdão é muito mais fácil de pedir do que dar. Aliás, como a maioria das coisas.
Pedir perdão virou um gesto banal, as pessoas pedem porque aprendem desde pequenas que quando alguém não fica feliz com sua atitude você deve pedir perdão.
Crianças pequenas às vezes costumam morder umas as outras, a mãe em um gesto de desespero corre no cenário da agressão e logo ordena ao pequeno: peça perdão!
Está ai o erro de convicção, aprendemos que pedir perdão é como uma borracha gigante no erro que cometemos. Mas não é.
Pedir perdão não apaga o mal que se fez, não diminui a dor que causamos. Na verdade pedir perdão no automático é uma extensão da atitude errada que acabou de acontecer, não ajuda em nada, e até piora.
Muitas pessoas acham que a grande questão no ato de perdoar está no ofendido, acham que dar o perdão é bem mais difícil do que pedir.
Tenho pra mim que as coisas não bem assim. Já deixei de perdoar muitas vezes porque não acreditei na veracidade do gesto, não senti o arrependimento no pedido.
Não que exista uma formalidade para isso, mas acredito que quando praticado indiscriminadamente pode piorar muito as coisas.
As pessoas se desculpam sem saber a verdadeira dimensão do que estão fazendo realmente.
E assim também age aquele que aceita o pedido sem realmente ceder.
Pedir perdão é convencer o outro que a ofensa praticada foi injusta. Pedir perdão é convencer o outro que naquele momento você entende a dor que causou e que jamais repetiria o ato intencionalmente.
Pedir perdão e se compadecer e assumir uma postura de reparação imediata.
A reparação pode vir de várias formas, por vezes um olhar certo e verdadeiro pode ser considerado legitimo, e ter mais peso que certas palavras.
Muitas vezes quem nos magoa ou nos agride, se arrepende, e mesmo assim não vem na hora se retratar. Mas assistimos aquela pessoa que outra hora estava no ataque a praticar atos de reparação, o que para mim é muito mais valioso, pois saímos do campo das palavras e entramos no campo das atitudes.
E é bem isso que devemos a quem ofendemos e magoamos. Atitudes.
Não peça perdão, faça por merecer.


Angélica Marques 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

UM EX-AMIGO

Um ex-amigo
 Os amigos certamente existem para nos ajudar a suportar certas fases da nossa vida sem enlouquecer completamente. Embora eu tenha alguns que colaboram com minha insanidade.
Algo nos leva a eleger uma pessoa entre tantas somente para “querer bem”, a amizade é um amor diferente, maior, menor, enfim, a amizade é um sentimento muito doce que se preservado pode nos proporcionar momentos ótimos de cumplicidade.
Conheço muitas pessoas que trocam muito de amigos, ora estão com uma turma, ora com outra, e quando questionadas sobre os velhos amigos simplesmente dizem que se afastaram.
Não vejo problemas em conhecer novas pessoas, em estar com novas tribos, mas eu particularmente tenho poucos amigos, contabilizo em uma de minhas mãos.
Essas pessoas que elegi como amigos de verdade são pessoas totalmente diferentes, nunca notei nenhum traço de semelhança na personalidade delas, a única coisa em comum é que são absolutamente amadas.
A primeira pessoa eleita compartilha comigo a minha vida há mais de vinte anos, e as outras estão também nesta faixa.
Eu me questiono se ficamos mais seletivos com o passar do tempo ou se as pessoas andam fechadas para esse tipo de relacionamento.
Quando temos um amigo de verdade, tudo nele nos afeta, todo o sofrimento que essa pessoa passa nos atinge, nos aflige, queremos realmente o seu bem.
Diferente do amor entre homem e mulher, em que a única coisa que nos interessa é a presença física do ser amado, estando ele feliz ou não.
No entanto, mesmo tendo vivido boas fases da vida ao lado dessas pessoas, essa relação passa por muitas mudanças, e isso nem sempre é bom.
Nós, seres humanos, estamos submetidos a uma série de desafios diários, experiências e sofrimentos que nos moldam, e vão construindo, ou destruindo, nosso caráter.
Essa construção é individual e intransferível, mesmo você estando dia a dia com alguém certamente irão evoluir de forma distinta, cada um em seu ritmo.
E, um belo dia, em um bate-papo informal com essa pessoa tão querida, você percebe que as afinidades já não existem e que não partilham mais dos mesmos pontos de vista.
Isso é geralmente um choque, sofrível por vezes, afinal essa pessoa é parte de você.
Diz a escritora Danuza Leão que é necessário um “recadastramento” dos amigos, assim como em bancos. Quando li a frase, discordei completamente, porque levei ao pé da letra. Mas hoje, guardadas as devidas proporções, acho que o dia a dia se encarrega desse recadastramento, a seleção é inevitável.
Velhos amigos são um privilégio, porém devemos lembrar sempre que cada um teve suas experiências e suas próprias batalhas.
Não devemos esperar que nossos velhos amigos estejam sempre antenados com as nossas ideias e com os nossos ideais de vida, afinal, o caminho percorrido foi diferente.
E a dica não poderia ser outra, seja razoável com seu julgamento, tente entender que tudo muda e seu amigo não é diferente das outras pessoas.
E para finalizar, não espere que o outro faça o mesmo por você, afinal, estamos falando de um ex-amigo.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

POST


É BOM ESTAR SOB OS CUIDADOS DE ALGUÉM,

MAS NÃO SE ESQUEÇA SE ESSES BRAÇOS NÃO FOREM FORTES A QUEDA PODE TE ESTILHAÇAR. 
MANTENHA-SE DE PÉ!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Em foco!!

Este mês TIPO UM LIVRO é destaque na Revista Aqui Ali, trazendo o perfil da Autora e um delicioso artigo para iniciar 2015! 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

TESTAMENTO

T

alvez seja um pouco cedo, mas, por via das dúvidas, quero deixar aqui registradas as minhas declarações de última vontade.
Primeiro, registrar que não tenho mais medo de morrer, não mais, eu já tive um dia, mas hoje penso diferente.
Penso que morrer deve ser uma espécie de prêmio, levando em conta que só gente bacana “anda” morrendo.
É claro que Deus mascarou um pouco esse “evento morte”, pois, se assim não fosse, nós, mortais, não teríamos paciência para aguardar a nossa vez, o nosso chamado.
Deve haver um plano grandioso do nosso Deus em relação ao “lado de lá”, pense bem, olhe o time que Deus anda reunindo, não é piada não, é só observar que qualquer um chega a essa conclusão.
O céu nem deveria ser tão bom assim, mas agora anda cheio de graça, poesia, boa música e, em minha opinião particular, muito bem frequentado.
Todos nós perdemos pessoas queridas, todos nós olhamos para cima uma vez ou outra, tentando entender o porquê de tanta saudade e de não conseguirmos enxergar coerência no rumo das coisas. Natural.
Bom, voltando as minhas declarações.
Deixo, para meus familiares mais próximos, toda a postura e retidão que me ensinaram as duras penas, com seus exemplos e condução amorosa.
Deixo, aos meus amigos de infância, todas as gargalhadas que me oportunizaram, deixo aquela água na boca de quando recebíamos a mais tola guloseima, e por fim deixo também a boa lembrança do nosso primeiro bichinho de estimação.
Aos amigos que conheci mais adiante, deixo todo friozinho na barriga do primeiro amor e a euforia de quando este por vezes foi correspondido, deixo também a sensação de liberdade ao pegar pela primeira vez em um volante de um possante qualquer.
Ao meu grande amor, deixo a sensação inebriante de quando o encontrei pela primeira vez, e pela segunda, e provavelmente pela última, deixo ainda o levitar do primeiro beijo.
Aos meus filhos, deixo o silêncio de quando os vi nascer, deixo a calma de quando os alimentei pela primeira vez e o orgulho de seus primeiros passos.
Aos que passaram suavemente pela minha vida, deixo o sorriso que trocamos; para os que ficaram um pouco mais, deixo um milhão desses sorrisos.
E a você, meu querido leitor, deixo uma pergunta somente: O que você vai deixar para as pessoas que o amam?
Qual é o seu legado?
O que você reuniu na vida, pelo que você está lutando?
“O preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que você troca por ela” (Henri Thoreau).
Ando pensando sobre o quanto de vida ando deixando em coisas sem valor real.
E você, quanto tempo faz que não come uma manga sem faca ou anda com os pés descansos?
Espero que cada um fique feliz com o que lhe coube neste testamento, é tudo que eu tenho e é o melhor de mim, foi tudo de melhor que eu fiz.

Eis o meu legado: lembranças e sensações, todas compartilhadas com pessoas importantes.

Angélica Marques


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