Um
ex-amigo
Os
amigos certamente existem para nos ajudar a suportar certas fases da nossa vida
sem enlouquecer completamente. Embora eu tenha alguns que colaboram com minha
insanidade.
Algo
nos leva a eleger uma pessoa entre tantas somente para “querer bem”, a amizade
é um amor diferente, maior, menor, enfim, a amizade é um sentimento muito doce
que se preservado pode nos proporcionar momentos ótimos de cumplicidade.
Conheço
muitas pessoas que trocam muito de amigos, ora estão com uma turma, ora com
outra, e quando questionadas sobre os velhos amigos simplesmente dizem que se
afastaram.
Não
vejo problemas em conhecer novas pessoas, em estar com novas tribos, mas eu particularmente
tenho poucos amigos, contabilizo em uma de minhas mãos.
Essas
pessoas que elegi como amigos de verdade são pessoas totalmente diferentes,
nunca notei nenhum traço de semelhança na personalidade delas, a única coisa em
comum é que são absolutamente amadas.
A
primeira pessoa eleita compartilha comigo a minha vida há mais de vinte anos, e
as outras estão também nesta faixa.
Eu me
questiono se ficamos mais seletivos com o passar do tempo ou se as pessoas
andam fechadas para esse tipo de relacionamento.
Quando
temos um amigo de verdade, tudo nele nos afeta, todo o sofrimento que essa pessoa
passa nos atinge, nos aflige, queremos realmente o seu bem.
Diferente
do amor entre homem e mulher, em que a única coisa que nos interessa é a
presença física do ser amado, estando ele feliz ou não.
No
entanto, mesmo tendo vivido boas fases da vida ao lado dessas pessoas, essa
relação passa por muitas mudanças, e isso nem sempre é bom.
Nós,
seres humanos, estamos submetidos a uma série de desafios diários, experiências
e sofrimentos que nos moldam, e vão construindo, ou destruindo, nosso caráter.
Essa
construção é individual e intransferível, mesmo você estando dia a dia com
alguém certamente irão evoluir de forma distinta, cada um em seu ritmo.
E, um
belo dia, em um bate-papo informal com essa pessoa tão querida, você percebe
que as afinidades já não existem e que não partilham mais dos mesmos pontos de
vista.
Isso é
geralmente um choque, sofrível por vezes, afinal essa pessoa é parte de você.
Diz a
escritora Danuza Leão que é necessário um “recadastramento” dos amigos, assim
como em bancos. Quando li a frase, discordei completamente, porque levei ao pé
da letra. Mas hoje, guardadas as devidas proporções, acho que o dia a dia se
encarrega desse recadastramento, a seleção é inevitável.
Velhos
amigos são um privilégio, porém devemos lembrar sempre que cada um teve suas
experiências e suas próprias batalhas.
Não
devemos esperar que nossos velhos amigos estejam sempre antenados com as nossas
ideias e com os nossos ideais de vida, afinal, o caminho percorrido foi
diferente.
E a
dica não poderia ser outra, seja razoável com seu julgamento, tente entender
que tudo muda e seu amigo não é diferente das outras pessoas.
E para
finalizar, não espere que o outro faça o mesmo por você, afinal, estamos
falando de um ex-amigo.
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