Sabemos que
entrar em uma discussão religiosa é um campo arriscado, cheio de armadilhas e
esse caminho eu sempre evitei trilhar.
Tenho minhas
próprias convicções e evito julgar as pessoas pelo que elas acreditam.
Mas, como tudo
tem um mas, ando intrigada com algumas espécies de amor que ando vendo cá e lá.
Como é possível
alguém pregar amor a Deus se não é capaz de amar seu próximo, e quando digo
próximo eu quero dizer próximo mesmo, pai e mãe por exemplo.
Conheço pessoas
que são fervorosas em suas crenças, auxiliam famílias carentes entre tantas outras
posturas de caridade e abnegação. Mas o próximo, próximo mesmo, certas pessoas
conseguem abandonar sem a mínima culpa.
Como uma pessoa
é capaz de pregar amor a um estranho e deixar um pai idoso em situação
calamitosa, sofrendo por coisas tão pequenas que poderiam ser evitadas se o seu
filho ou filha estendesse a caridade aos seus próprios familiares.
Como que esse
mundo será melhor se algumas pessoas não conseguem transformar a própria
família em uma família melhor?
As mesmas
pessoas que dizem querer mudar o mundo não conseguem mudar a si próprias,
vencendo os seus próprios preconceitos.
Como alguém sobe
em um palanque com olhos cheios de lágrimas e ao descer levantam seu queixo e
não enxergam os que estão aos seus pés clamando por ajuda.
Impossível que o
amor seja algo a ser merecido, pois se assim fosse não seriamos amado por Deus,
pois somos imperfeitos e cheios de ingratidão.
Mas mesmo assim
Deus nos ama, e a única coisa que ele pede é que façamos o mesmo.
E ELE não pede
para que amemos aos merecedores, os bons e os retos, Deus pede para que nosso
olhar se estenda aos desfavorecidos, aos desprovidos.
As comunidades
religiosas de fecham de tal forma aos comuns que acham que estão blindadas aos
males que moram longe de seus altos muros.
Mas não estão.
Ninguém está livre desse caos que aos poucos vêm se instalando em todas as
partes.
Se as ações de
agregação não incluírem um número maior de pessoas nunca teremos uma
consciência coletiva da necessidade de fazer o bem.
Embora alguns
pensadores preguem que o ser humano nasça com um instinto de ser bom, eu não
acredito muito nesta teoria.
Nascemos como um
terreno extremamente fértil, e isso é de fato muito bom, mas é só uma premissa
para uma evolução positiva.
Necessitamos de
bons ensinamentos, necessitamos de ser e de ter exemplos de conduta, ou então
este terreno fértil que somos pode germinar coisas ruins.
As comunidades,
não só as religiosas, mas no geral, devem ter um espírito acolhedor, evitando marginalizar
ainda mais os menos favorecidos.
Essa postura de
agregar pode salvar, assim como uma postura reversa pode criar uma geração
renegada e cheia de rancores e inclinações para todo tipo de transgressão.
Metade
da humanidade não come; e a outra não dorme, com medo da que não come.
Devemos pensar
nesta frase de Josué de Camargo com mais atenção, pois reflete o resultado da
omissão que estamos plantando dia a dia com nossa omissão. ANGÉLICA MARQUES
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