Penso que quem decide
se foi traído ou não somos nós mesmos, sim nós mesmos é quem decidimos se a
atitude do outro é, ou não considerada uma traição.
Exatamente por este
motivo é que é tão difícil entender quando assistimos um casal relevar coisas graves
e outros romperem em definitivo por coisas aos nossos olhos tão menores.
Não vou entrar no
mérito desta questão, se é certo ou errado, perdoável ou não, aceitável ou até
mesmo uma tendência deste tempo tão permissivo que vivemos. A busca neste momento
é somente pelas definições e não pelas razões, até porque cada um tem as suas.
Uma traição nada mais é
do que um comportamento contrário ao combinado previamente. Entenda!
Previamente.
O que não aceitamos
geralmente é que o outro aja de forma contrária daquela imposta, e aceita.
A traição é muito mais
ampla do que se imagina, ela acontece principalmente dentro das relações
amorosas, mas também está presente entre amigos, relações comerciais e
principalmente entre familiares.
Entre família
geralmente as traições são mais profundas e difíceis de serem superadas, e por
quê? Simples, porque esperamos que aquelas pessoas que conhecemos a nossa vida
toda e que também nos conhece intimamente não venha a fazer nada para nos
prejudicar, esse é um pacto social que assumimos, e por isso quando ele se
quebra costuma ser tão doloroso.
Se um sócio rouba o
outro é caso de policia e maldições para 30 gerações, mas quando o gatuno é
alguém da família, pais e filhos, tios e primos, nossa, aí a situação é outra.
Os valores geralmente ficam para segundo plano e um cenário de guerra se forma.
Por que é diferente?
Porque não se espera atitudes de traição de nossos iguais, escolhemos certas
parcerias exatamente para minimizar certos riscos de infortúnios e decepções.
Na amizade o golpe
costuma ser profundo também, confidenciamos segredos e fraquezas com certas
pessoas, os amigos, e deles jamais esperamos que aja em desacordo com nossos
interesses.
Quando seu inimigo não
lhe conhece ele dificilmente atingirá você com eficiência, mas quando esse
inimigo já foi seu amigo, ele conhece profundamente cada traço de sua
personalidade.
Eis o segredo da arte da guerra, conhecer seu
inimigo, seus medos, suas falhas e seus fantasmas, por isso as traições neste
campo são extremamente complicadas.
Existem entre os amigos
verdadeiros códigos de conduta, esses códigos são construídos com o passar do
tempo e geralmente são intocáveis.
Na relação de amizade
que mantive com algumas garotas na adolescência era simplesmente proibido
flertar com o pretendente, ou com o pretendido da outra, seja esse do passado
do presente ou do futuro, até aqueles que não se encaixavam em nenhum desses
tempos eram proibidos.
Não houve nenhuma
reunião para que isso fosse resolvido e que as cláusulas fossem discutidas, mas
era um código de conduta, conhecido e aceito por todas, e é exatamente essa
quebra de códigos que eu considero a verdadeira traição, a que dói a que fere
de verdade.
Agora entrando em um
campo mais delicado, a traição propriamente dita, entre casais.
A traição entre casais
é julgada, pesada e medida muito além dos envolvidos. Entre casais além dos
códigos estabelecidos por eles, ainda existem códigos estabelecidos pela
sociedade na qual estão inseridos.
Quando uma traição
acontece o sujeito fica tão irado e se sente tão injustiçado que rapidamente
sai em busca de afirmações sobre sua condição, quer contar, quer gritar ao
mundo que era a melhor pessoa do mundo e que foi injustiçado traído.
O que acontece? Nem
sempre a primeira história é a verdadeira, por vezes essa história se quer
existe, mas depois de tanto alarde é impossível voltar atrás.
Neste caso temos um
código social para esse tipo de traição, funciona assim, se todo mundo já ficou
sabendo você deve romper para manter sua honra, o outro imediatamente ganha um
título impronunciável.
Caso ninguém, ou poucas pessoas ficarem
sabendo pode até ser que exista uma chance de perdão.
Mas, quanto aos códigos
de conduta de um casal, hoje em dia são tão variados e tão permissivos que é
bem difícil determinar a olho nu se a atitude assistida é ou não considerada
por aquele casal como desrespeitosa.
Hoje em dia, é muito
comum e até necessário, o famoso Happy Hour entre mulheres, sim, saímos
sozinhas com nossas amigas, frequentamos bares e bebemos sozinhas.
Em outros tempos o
simples fato de uma mulher estar desacompanhada já era sinal de desrespeito com
seu par ou até um sinal evidente que o relacionamento havia acabado, mas hoje
não mais. Os maridos mais antenados e modernos não se importam.
Os mais inteligentes
até apoiam, pois sabem que mulheres que conversam e desabafam com as amigas são
mais resolvidas e importunam menos com DR.
Sendo assim se você
desconhece os códigos adotados por um casal, evite julgar uma atitude ou outra
que você vier a assistir, pois você pode estar diante um assunto muito bem
resolvido e passar um carão.
Existem pessoas, por
exemplo, que se sentem absolutamente incomodadas que seus pares vejam fotos os
vídeos de nudez, enquanto outros aceitam e até compartilham o hobby, evite
julgamentos, evite interferir no código de conduta do outro.
Mas o que te ofende? O
que te choca? O que é traição para você?
Alguns homens acreditam
que o sexo descompromissado não é traição, pelo menos é o argumento que eles
usam quando são flagrados.
Particularmente
acredito que a traição pode se consumar muito antes do primeiro toque,
principalmente se tratando de mulheres.
O que o seu parceiro
espera de você? Exclusividade do seu corpo? Isso não é muito difícil, difícil
mesmo é deter o monopólio do desejo do outro, isso sim é um desafio, essa sim é
a verdadeira fidelidade.
Se nivelarmos a traição
com a prática de um crime, se o sujeito não chegar aos finalmente, mas escolher
e preparar um local, comprar uma roupa adequada, escolher a pessoa, desejar que
aquilo aconteça, mas nada fazer? É traição?
E toda a vontade, e
toda a disposição, e o tanto de tempo que se pensou nisso? Se não houve toque
se não houve a consumação, então não é traição?
A traição na verdade é
definida muito intimamente pelas pessoas, cada um tem seus valores e seus
pudores, cada um considera como traição aquilo que o agride, aquela atitude que
afronta esses valores.
A fidelidade é muito
relativa, o que pode realmente pautar de forma sólida uma relação chama-se
LEALDADE, e essa sim é bem fácil de definir, ser leal é uma escolha, você tem
tempo e oportunidade para ser leal com o outro, mesmo que a infidelidade já
tenha assombrado sua relação, sempre dá tempo de ser leal.
Mesmo que ser leal
implique em um rompimento ou em dores grandiosas, isso sim será valorizado,
mesmo que demore um pouco.
O que você espera do
seu par? Que ele lhe seja fiel dando-te exclusividade do seu corpo, ou que ele
lhe seja LEAL, dando-lhe exclusividade da sua vida?
Existem pessoas
absolutamente fieis que não são leais, que nunca saíram da linha, mas que transformam
a vida do seu par em um verdadeiro martírio e não são capazes de usarem de
lealdade e reconhecer que já não fazem bem um para o outro.
E você o que
escolheria, prefere lealdade ou fidelidade?
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