Preconceito
Eu não tenho,
você não tem, ninguém tem, mas ainda existe gente morrendo por isso.
Quando o assunto
é preconceito, a negação vem logo de cara: ninguém assume, todos negam e negam
bem, com categoria.
Já ouviram ou
falaram a frase: Nossa, eu trato minha empregada como se fosse uma pessoa da
minha família.
Pois bem,
começando os apontamentos. Como mais poderia ser tratada uma pessoa que lava o
seu banheiro e faz a sua comida todos os dias?
Ah! Mas eu tenho
vários amigos gays e os trato normal! Com o maior respeito.
E por qual motivo
se trataria com anormalidade um amigo? Pelo simples fato deste amigo ter uma
opção sexual diferente da sua?
Essas e outras
coisinhas tão pequenas do nosso dia a dia nos mostra exatamente o quanto
estamos longe da evolução que tanto gritamos.
Feminista que
sou, serei obrigada a levantar mais uma vez a bandeira das mulheres, por serem
estas o principal alvo desses abusos.
Um homem abandona
a família, o lar, os filhos. Em contrapartida paga uma ninharia com muito custo,
e o que este homem é? Nada, ele é apenas um homem que não aguentou mais a
mulher. Mas paga certinho a pensão.
Uma mulher
desiste do casamento, raramente dos filhos, e na mesma hora se transforma em
uma pervertida sexual sem moral e que não merece estar em uma festa de família
ou com você nas fotos do Facebook.
O que a maioria
das pessoas não entende é que estar, ou falar, ou dar uma oportunidade de
trabalho para uma pessoa que age diferente de você, não torna você um adepto das
escolhas de vida que essa pessoa fez nem complacente com atitudes que você não
concorda. Essa atitude só mostra que você vê um pouquinho além daquilo que todo
mundo diz.
Quando ouvimos
ou lemos a história bíblica em que uma mulher foi apedrejada em praça pública,
logo pensamos: ainda bem que isso acabou.
Acabou mesmo?
Vejo pessoas sendo apedrejadas todos os dias, sofrendo julgamentos excessivos e
maldosos e tendo suas vidas prejudicadas por puro preconceito.
É bem certo que
vivemos regidos por códigos de conduta e é razoável que saibamos quando podemos
ou não ferir esses códigos, mas uma coisa é certa: todos nós infringimos as
normas sociais, todos, e fazemos sempre que nos convém. Transgressão.
As pessoas são
muito mais do que postam, são muito mais que breves cliques, as pessoas têm histórias,
têm cicatrizes e feridas que jamais conheceremos a fundo, e o conjunto de tudo
isso é o que faz de cada um o que realmente é.
Sejamos
prudentes ao rotular, sejamos mais amenos ao classificar alguém como verde ou
azul, afinal muitas vezes nossos olhos nos traem.
É muito bonito
falar de perdão, falar de amor ao próximo, mas tenhamos cuidado no trato com as
pessoas, tenhamos mais zelo com as palavras que lançamos. Afinal, dizem por aí,
que uma palavra dita é como uma flecha lançada: não tem volta.
Angélica Marques
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