segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MENINOS SEM PAI

Dia desses me peguei pensando em uma coisa que me assustou muito, o futuro dos nossos meninos.
Antigamente (meu Deus!) existia um certo código a respeito do destino dos meninos, eles eram iniciados na vida profissional, não muito cedo, mas na hora exata.
Na família sempre havia um profissional disposto a ensinar o oficio aos pequenos, os tios mecânicos recrutavam para lavar peças, toda a rapaziadinha da família, aos poucos os meninos começavam a ganhar melhor e logo estavam oficialmente iniciados e responsáveis, e logo capazes de prover suas próprias necessidades.
E assim acontecia em várias áreas, sempre alguém que já dominava o ramo, trazia vários dos seus para um oficio digno.
Bom, dito isto surge a minha preocupação. Nos dias de hoje raros são os profissionais em quem podemos confiar, mais raras ainda as pessoas que estão dispostas a transmitir de forma leal algo que sabem.
Isso somado à má qualidade da educação que temos em nosso país, é realmente algo muito preocupante.
Se não há mais pessoas dispostas e capacitadas a ensinar e o acesso à educação de qualidade é cada vez mais restrito a quem pode pagar, e pagar muito, que tipo de homens estão sendo formados?
O que serão nossos jovens? Quem serão? O que farão e o como vão ganhar a vida, sustentar suas famílias?
A incapacidade para se manter e manter uma família não impede que esses jovens constituam famílias, ou simplesmente tenham filhos. E essas pessoas estão cada vez mais à margem de acessos básicos como saúde, saneamento, e tantas outras coisas, sem mencionar as necessidades emocionais, o que tranquilamente daria outro artigo.
Estamos frente a uma geração sem oportunidades, uma geração que nem se deu conta de que a juventude não dura pra sempre e que uma hora ou outra, mais cedo ou mais tarde terão que parar de usar boné de aba larga e vestir-se para o trabalho.
Essa geração wi-fi ainda não se deu conta que são desapadrinhados, que estão às margens de uma sociedade que não enxerga.
Mas isso pelo jeito preocupa somente a mim mesma, pois as novelas e os programas de TV só enfatizam o contrário, banalizam costumes e princípios familiares como se isso fosse uma coisa boa.
Estamos frente a um futuro tenebroso, onde o jovem não tem senso crítico, muitas vezes nem o senso propriamente dito.
Nascem cada vez mais, filhos de pais que não tiveram pais, filhos de uma geração que nada aprendeu, e sendo assim nada podem ensinar.
Filhos do descaso e do abandono intelectual, sem mencionar as outras tantas faltas que assolam nossos meninos.
Meninos sem pai, meninos sem pátria.

Angélica Marques


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