Fazer dez anos
era o que eu realmente queria para minha vida, eu tinha absoluta certeza que
não ouviria mais minha mãe dizer: - Saia, pois este não é assunto de criança!
Naturalmente o grande dia chegou e com ele a certeza de que dez anos não era o
suficiente para eu ouvir os grandes segredos da minha mãe.
Eu tinha então outra
meta a ser alcançada, quinze anos. Com quinze anos sim, seria uma moça, e minha
vida mudaria com certeza, a festa, e todas aquelas coisas que as meninas
desejam nesta idade.
Eu só não
contava com as espinhas a explosão hormonal e a nova frase da minha mãe: -
Normal filha, isso é da idade, vai passar.
Até esse momento
as coisas “não corriam muito bem”, mas, com dezoito..... Ah com dezoito tudo
seria diferente, eu estaria dirigindo, com um super emprego, meu destino
traçado, metas alcançadas e uma vida maravilhosa.
No dia do meu
aniversário de dezoito anos eu percebi que esses marcos eram inúteis e na
verdade não representavam muita coisa na vida de uma pessoa, eu não tinha o
super emprego, obviamente não pude tirar minha carta e em relação ao meu
destino eu só sabia que ele era incerto, descobri tudo isso na ressaca do dia
seguinte.
Um dia, e não
foi exatamente no meu aniversário, as coisas começaram a se encaixar, fiz vinte
anos, e as incertezas dos quinze ficaram para traz, comecei a ter alguma grana
(bem pouca) já podia estar com todas as rodas e partilhava com minha mãe
assuntos interessantíssimos, enfim eu havia crescido.
Mas nada foi tão
maravilhoso, nada se compara ao grande e verdadeiro marco na vida de uma
mulher, OS TRINTA ANOS!
Agora sim aquela
menina eufórica e ansiosa dos quinze desaparecera completamente, a insegurança
dos dezoito foi substituída por uma determinação violenta e o que começou a brotar
aos vinte agora estava no auge.
Trinta anos, uma
mulher com três ponto qualquer coisa pode tudo, sabemos exatamente o que
queremos e melhor ainda, sabemos o que não queremos.
A mulher com
trinta anos tem direitos que ela assistiu serem conquistados, ela pode ter ou
não ter filhos, se tem é capaz de cria-los sozinha com seu próprio trabalho, e
quanto ao trabalho, é capaz de faze-lo com excelência enquanto cuida da sua
cria.
As mulheres de
trinta não procuram por homens, (com algumas exceções), elas na verdade elegem
parcerias, e quando a escolha não é muito acertada, o que é absolutamente
normal, ela simplesmente sacode a poeira e parte para um novo projeto.
E neste momento
não existe mais meta em relação à grana, existe sim uma ponderação sobre o que
vale a pena pagar pra ver, e o que não se quer nem pagando.
Nesta idade
ainda não dominamos o mundo, mas o que importa? Afinal já dominamos nossos
cabelos, e esse sim é um feito muito relevante na vida de uma mulher.
Com trinta anos
já consigo ver que era mesmo melhor não estar presente nas conversas de “gente
grande” e consigo também entender que tudo que minha mãe dizia ser normal era
de fato da idade e logo passou realmente e graças a Deus.
Agora no alto
dos meus trinta anos, admiro a liberdade que eu tinha aos dezoito, e a ausência
de compromissos que me apavorava eu até vejo com saudade.
O que vem pela
frente eu realmente não sei, mas o grande barato de ter trinta é que coisas
dessa natureza não me afligem mais, eu realmente estou de braços abertos para
as novas fases, recepcionarei a chegada dos meus sinais com o peito aberto e
com a certeza de que eles são na verdade o prova de todas as fases que passei e
que estão aqui para me lembrar de cada experiência que pude ter.
Mas deixa o
futuro pra lá, agora sou 3.linda e preciso aproveitar!
Angélica Marques
Gostei...seu texto é como um vinho..saboreia-se devagar...embriaga..
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