domingo, 13 de julho de 2014

BAIRRISTA

Certa vez ouvi de um conhecido a seguinte frase: “Eu sou muito bairrista mesmo, amo a minha cidade e jamais sairia daqui”.
Confesso que na ocasião achei a afirmação um pouco limitada, afinal, existem tantos lugares lindos, tantas oportunidades, tantos horizontes.
Naquele momento vi na afirmação um pouco de apego, uma certa limitação do ser.
Mas agora, vejo com outros olhos o que ouvi naquele dia.
Eu já morei em quatro cidades da região, e conheço quase todas as outras, e particularmente eu gosto muito de onde eu moro.
Nem por um decreto entrarei se quer por um instante em questões politicas, embora eu me sinta tentada.
Nós temos o péssimo hábito de gostar de tudo que é “de fora”, ao mais leve sinal de feriado logo partimos daqui para gastar todo o dinheiro que não temos em outras cidades.
É claro que não temos aqui uma estrutura de entretenimento tão desenvolvida como as de algumas cidades, mas se tivéssemos a história não seria outra.
Nós não temos amor as nossas coisas e nos deixamos iludir pelas luzes dos vizinhos, por mais forte que seja a nossa.
Sabe aquele ditado “a grama do vizinho é sempre mais verde”? acho que sofremos dessa síndrome.
Achamos um absurdo os preços de tudo por aqui, mas quando estamos em Ribeirão ou em alguma outra cidade não nos importamos em pagar quarenta, cinquenta reais para entrar em um bar, enquanto os nossos bares fecham por falta de clientes.
Por aqui temos excelentes cantores, violeiros, bandas maravilhosas que só fazem sucesso quando vão embora daqui, e tudo por que? Simples, porque não amamos o que é nosso.
Diariamente compartilhamos fotos de crianças, animais, e outras tragédias que nem sabemos se são mesmo verdadeiras. No entanto, ninguém se empenha suficientemente a divulgar o post sobre o desaparecimento, a mais de 90 dias, de um bebedourense.
Tudo bem que somos sim atraídos por coisas boas, eventos grandes e opções de compras mais diversificadas, mas se dermos quórum às coisas realizadas aqui, com certeza mais coisas virão, e cada vez serão melhores e maiores em relação à qualidade e também a quantidade.
Precisamos ser bairristas.
Temos tantas coisas boas em nossa cidade e não sabemos dar valor, temos não uma, mas sim duas faculdades aqui, e ambas com excelência no que se propõem.
Sou formada em Direito pelo Instituto Municipal de Ensino Superior Victório Cardassi, o IMESB, e tenho muito orgulho disso.
Esta faculdade Municipal me preparou, e me deu condições para ser aprovada no Exame de Ordem antes mesmo de concluir o curso, e eu me orgulho muito disso.
Conheço no mínimo umas 10 pessoas formadas em grandes universidades que não conseguiram até hoje a aprovação.
Não desmerecendo uma ou outra, mas o que eu quero dizer é que temos tudo aqui, só depende de nós fazermos uso do que é nosso, e com a consciência de que estamos bem amparados.
Precisamos ser bairristas, e bairristas ferrenhos. Participar mais das coisas que temos por aqui, e defender o que é nosso.
Bebedouro é nossa, e, problemas a parte, temos que nos conscientizar que uma cidade é feita de pessoas, e se você julga o local onde você mora como ruim, você tem que no mínimo se incluir nisso.

Angélica Marques.












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