Certa vez ouvi
de um conhecido a seguinte frase: “Eu sou muito bairrista mesmo, amo a minha
cidade e jamais sairia daqui”.
Confesso que na
ocasião achei a afirmação um pouco limitada, afinal, existem tantos lugares
lindos, tantas oportunidades, tantos horizontes.
Naquele momento
vi na afirmação um pouco de apego, uma certa limitação do ser.
Mas agora, vejo
com outros olhos o que ouvi naquele dia.
Eu já morei em
quatro cidades da região, e conheço quase todas as outras, e particularmente eu
gosto muito de onde eu moro.
Nem por um
decreto entrarei se quer por um instante em questões politicas, embora eu me
sinta tentada.
Nós temos o
péssimo hábito de gostar de tudo que é “de fora”, ao mais leve sinal de feriado
logo partimos daqui para gastar todo o dinheiro que não temos em outras
cidades.
É claro que não
temos aqui uma estrutura de entretenimento tão desenvolvida como as de algumas
cidades, mas se tivéssemos a história não seria outra.
Nós não temos
amor as nossas coisas e nos deixamos iludir pelas luzes dos vizinhos, por mais
forte que seja a nossa.
Sabe aquele
ditado “a grama do vizinho é sempre mais verde”? acho que sofremos dessa
síndrome.
Achamos um
absurdo os preços de tudo por aqui, mas quando estamos em Ribeirão ou em alguma
outra cidade não nos importamos em pagar quarenta, cinquenta reais para entrar
em um bar, enquanto os nossos bares fecham por falta de clientes.
Por aqui temos
excelentes cantores, violeiros, bandas maravilhosas que só fazem sucesso quando
vão embora daqui, e tudo por que? Simples, porque não amamos o que é nosso.
Diariamente
compartilhamos fotos de crianças, animais, e outras tragédias que nem sabemos
se são mesmo verdadeiras. No entanto, ninguém se empenha suficientemente a
divulgar o post sobre o desaparecimento, a mais de 90 dias, de um bebedourense.
Tudo bem que
somos sim atraídos por coisas boas, eventos grandes e opções de compras mais
diversificadas, mas se dermos quórum às coisas realizadas aqui, com certeza
mais coisas virão, e cada vez serão melhores e maiores em relação à qualidade e
também a quantidade.
Precisamos ser bairristas.
Temos tantas
coisas boas em nossa cidade e não sabemos dar valor, temos não uma, mas sim
duas faculdades aqui, e ambas com excelência no que se propõem.
Sou formada em
Direito pelo Instituto Municipal de Ensino Superior Victório Cardassi, o IMESB,
e tenho muito orgulho disso.
Esta faculdade
Municipal me preparou, e me deu condições para ser aprovada no Exame de Ordem
antes mesmo de concluir o curso, e eu me orgulho muito disso.
Conheço no
mínimo umas 10 pessoas formadas em grandes universidades que não conseguiram
até hoje a aprovação.
Não desmerecendo
uma ou outra, mas o que eu quero dizer é que temos tudo aqui, só depende de nós
fazermos uso do que é nosso, e com a consciência de que estamos bem amparados.
Precisamos ser
bairristas, e bairristas ferrenhos. Participar mais das coisas que temos por
aqui, e defender o que é nosso.
Bebedouro é
nossa, e, problemas a parte, temos que nos conscientizar que uma cidade é feita
de pessoas, e se você julga o local onde você mora como ruim, você tem que no
mínimo se incluir nisso.
Angélica
Marques.
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