A palavra já vem cheia de promessas, cheia de doçura e de
juras, a ideia de esperança nos leva, para o bem e também para outros rumos.
Culturalmente só vemos o lado bom dela, a esperança tanto
pode nos levar a alçar voos mais altos, nos encorajar, quanto afundar-nos nos mais
sombrios abismos.
Esse sentimento cultivado como positivo também pode nos causar
embaraços, e às vezes nos impedir de seguir em frente quando isso é necessário.
A esperança oferece um amparo indiscriminado ao nosso querer
e por vezes esse amparo vem de encontro a alguns casos que já não oferece mais
nenhuma condição de sucesso.
A entrega é importante, a persistência idem, mas seguir em
frente é essencial.
A entrega incondicional acontece principalmente quando queremos muito alguma
coisa, quase sempre corremos o risco de ficarmos obcecados e nos debruçar em um
falso sentimento de motivação.
Lembrando que a motivação nutriu tanto belos feitos da
humanidade quanto os mais impuros.
Para fazer brotar um sentimento de esperança basta uma boa palavra amiga, um ombro verdadeiro, uma doce faísca de luz e boas expectativas.
Todos nós adoramos trazer alguma esperança para
o próximo, trazer essa faísca motivadora.
Mas em contrapartida o que faz morrer a
esperança? O que apaga a chama? O que abala nossas expectativas? E quando se
faz necessário esse chamamento a realidade, quem o faz? Quem se arrisca a ser o
destruidor de sonhos, o destruidor de possibilidades, quem tem coragem de ser o
balde de agua fria?
Na busca pelo autoconhecimento é importante
saber os limites dos nossos sentimentos, saber exatamente o que nos move e o
que nos trava.
Para dominar nossos sentimentos e lidar com nossos desafios é importante saber como despertar o melhor em nós, como despertar o melhor do outro, esse conhecimento é a única ponte que existe neste abismo de emoções que somos, e manter essa ponte robusta e fincada em um bom terreno é muito inteligente.
Com o passar do tempo percebo que um carro veloz e potente se torna uma verdadeira arma se não tiver bons freios, a esperança é o combustível para a nossa vida, e os freios somente são desenvolvidos após várias colisões.
Não se trata de amargura ou falta de fé, se trata de maturidade, se trata de ponderação, preservação pessoal.
Nada contra a esperança, só é necessário
cautela com o nevoeiro que vem com ela, este nevoeiro pode encobrir algumas
curvas perigosas.
Temos que tomar muito cuidado onde investimos
nossas energias, onde apostamos nossas fichas, porque apesar de todos falarem
que a vida é curta, eu acrescentaria a essa característica de tempo outra, a
vida além de curta é também única. E por ser única requer certos cuidados.
O tempo que dedicamos a estarmos felizes é o
que nos move para todo o resto, nos move para o trabalho, nos move para o amor,
nos move para ter compaixão e para evoluir, e isso é muito bom.
Para não ser atingido por este nevoeiro temos
que estar sempre atentos, e avaliar o momento certo, tanto para mergulhar de
cabeça em um projeto, quanto para sair dele sem olhar para trás.
Desistir de algo soa com um tom de fracasso,
mas nem sempre é assim, e infelizmente só teremos essa visão depois de largos
passos a frente, largos e dolorosos passo que damos em sentido contrário dos
nossos desejos.
Saber chegar é tão importante quanto saber
partir, e lembrando sempre que o final sempre precede um novo início.
Não é de bom tom deixar a teimosia ser rotulada
como esperança, deixar a insistência vazia e marrenta ser chamada de tentativa.
Muitas vezes lutamos tanto por determinada
coisa que no meio da luta aquilo nem mais nos interessa e ainda assim pelo
vício, pelo mau hábito continuamos a nos debater, não mais pelo que queríamos,
mas sim para vencer uma batalha inútil.
ANGÉLICA MARQUES
Nenhum comentário:
Postar um comentário